Sonho de ser mãe PARTE 4

    Hoje completando 46 dias após a cirurgia de retirada do ovário venho contar como foi tudo. 
    No dia 17 de junho as 12:30pm fui chamada para ir a sala de pré operatório, ao chegar lá me deparei com várias pessoas sentadas aguardando pela sua cirurgia, tinha tantas mulheres aguardando para serem já liberadas para o quarto que já haviam saido da cirurgia e outras como eu esperando para então operar.     O comum entre todas nós era o cisto, que todas tinhamos ou ainda tinham. Eramos mulheres de todas as idades dentre novas de 16 anos a velhas de 80 anos. Como pode isso viver entre nós sem uma idade para acontecer, simplesmente você já pode nascer com essa doença ou até mesmo adquirí-la ao longo da vida. A diferença ali entre cada uma era o grau de gravidade, e o meu era incerto até o momento dos médicos poderem ver.
    As 13:30pm fui levada para a cirugia, chegando na sala fria observei uma mesa no centro onde na volta tudo parecia vaziu, estava ansiosa que mal consegui contar o total de médicos naquela sala, mas sei que tinham mais de 6. Lembro de me sentarem na mesa e começar o procedimento com a anestesia raquidiana e eu me assustar com aquilo morria de medo de ficar paraplégica, quando a anestesista me aplicou eu tremia de frio daquela sala fria e medo, logo senti um fisgao na perna direita e foi adormecendo, lembro de chorar porque me ataquei dos nervos achando que tinha algo errado, então me deitaram na mesa e lembro das minhas últimas palavras... doutora pode tirar uma foto, ela perguntou agora? eu disse não pode ser depois, e ai eu não lembro de mais nada após isso.
    As 19:30pm eu saio da cirurgia, lembro de me acordar quando estavam me transferindo da maca para uma cama, nesse momento lembro de chorar de muita dor no abdômen e a enfermeira me perguntar o grau da minha dor de 0 a 10 e eu respondi 20. Ela se assustou e disse que não era possivel tanto, mas sim era muita dor. Enquanto me deitavam na cama eu lembro de perguntarem se eu sentia as pernas e eu respondi sim olha eu consigo mexer o pé e as enfermeiras assustadas falaram não mas não era para você estar podendo sentir as pernas, acredito que a raquidiana não pegou em mim e por isso já acordei podendo mexer e sentir as pernas. Após tudo isso minha médica esteve no quarto e perguntou se eu queria conversar, eu estava muito em choque com tudo que respondi não estar preparada para ouvir o resultado do que foi retirado então me deram um remédio muito forte que acabei dormindo e não vi mais nada. 
    Horas depois acordei e descobri que estava na UTI e não no quarto onde minha sogra me aguardava.     Logo ela apareceu apavorada querendo saber o que tinha acontecido para que eu estivesse lá, eu não sabia de nada porque não quis conversar com a médica mas depois descobri que não só havia sido retirado os ovários mas também o útero e as tropas. Acredito que por já desconfiar do que poderia acontecer não me apavorei mas fiquei assustada quando soube que a cirurgia foi muito mais além, onde o corte acabou tendo 35 pontos na vertical da região da bexiga até o estômago, quando vi a cicatriz ao me darem banho na UTI me assustei e os enfermeiros só sabiam dizer olha que lindo e eu apavorada com eles achando bonito aquele corte monstruoso. Então além daquilo tudo tirado era câncer sim, e estava se espalhando já, o motivo do tamanho do corte foi esse, havia no meu abdômen todo e no meu diafragma o qual é um dos motivos de estar na UTI, minha respiração estava curta e acelerada, onde poderia me dar uma pneumonia. Então tive que me puxar e tentar respirar normal puxando o ar fundo e soltando. Nesses 2 dias na UTI que fiquei as dores eu não sentia estava sempre dopada com medicamentos que tinham hora marcada para serem injetados e controle da pressão de horas em horas, medir temperatura e várias picadas no dedo para ver a glicose. Sobre os cuidados que tiveram comigo não posso reclamar porque os médicos e enfermeiros (as) foram nota 10. Mas chegando no fim disso tudo acabou que eu descobri que estava correndo risco de morrer achando que estava bem com um simples cisto de ovário. Eu sofri muito ao saber que sou estéril agora e tenho menopausa aos 30 anos, mas graças as pessoas que são meus pilares na vida é que ainda estou em pé hoje, me deram forças e não me deixam desistir de tudo, coisa que eu teria feito sem eles. Ainda tenho uma longa caminhada até estar 100% bem, mas o pior já passou. Sem minha fé nos meus Deuses estaria acamada em uma depressão profunda por não poder mais gerar filhos, mas hoje digo que meu coração está calmo, tranquilo e sereno nesse sentido, sei que mãe poderei ser a qualquer momento, muitos pequenos estão por ai aguardando por um colo de mãe, e eu serei uma dessas mães!


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